Alucinação da Inteligência Artificial: compreendendo os limites da IA

Leia essa conversa que tive com o ChatGPT 4o:

Eu: Cite filmes onde Tom Cruise contracenou com Al Pacino e Robert De Niro.

ChatGPT: Tom Cruise contracenou com Al Pacino no filme “The Devil’s Advocate” (1997). No entanto, até a data do meu último treinamento, Tom Cruise não contracenou com Robert De Niro em nenhum filme. Se precisar de informações mais detalhadas e atualizadas, posso verificar as fontes mais recentes para você.

Eu: Você tem certeza de que Tom Cruise trabalhou em “The Devil’s Advocate” Você não está se confundindo com Keanu Reeves?

ChatGPT: Você está correto. Me confundi. Quem trabalhou com Al Pacino em “The Devil’s Advocate” (1997) foi Keanu Reeves, não Tom Cruise. Tom Cruise não contracenou com Al Pacino e Robert De Niro em nenhum filme. Desculpe pelo erro e obrigado pela correção.”

Em maio de 2023, uma matéria do The New York Times investigou o fenômeno chamado “Alucinação da Inteligência Artificial”. Na prática, os autores da reportagem perguntaram ao ChatGPT sobre a primeira vez que o jornal mencionou o termo “inteligência artificial”.

A plataforma respondeu que foi em 10 de julho de 1956, em um artigo intitulado “Máquinas Serão Capazes de Aprender, Resolver Problemas, Cientistas Preveem”.

No entanto, o Times esclareceu que, embora a conferência de 1956 fosse real, o artigo mencionado não existia, comprovando que a resposta havia sido inventada pelo ChatGPT.

Esse fenômeno, que pode parecer curioso à primeira vista, possui implicações profundas e variadas que precisamos entender e abordar.

📱 Em um momento em que o fácil acesso a respostas e soluções rápidas muitas vezes acompanha um senso crítico diminuído, é crucial refletir sobre essas questões.

Processo de aprendizado e suas implicações

A IA generativa baseada em linguagem, como a tecnologia por trás de ferramentas como o ChatGPT, aprende padrões e estruturas linguísticas a partir dos dados em que foi treinada.

Com base nos comandos de seu usuário, ela gera novos conteúdos seguindo esses mesmos padrões e estruturas. Se os dados de treinamento ou o processo de aprendizado apresentarem falhas ou forem inadequados, o conteúdo gerado também será impreciso.

Na prática, essa tendência pode se tornar prejudicial ou enviesada à medida que os modelos se tornam cada dia mais convincentes, levando os usuários a confiar em uma única fonte de informação, sem maior senso crítico ou questionamento.

Lados positivos da alucinação

Gosto de refletir sobre o outro lado da moeda, em diversos aspectos. Dessa forma, percebo que existe um lado positivo na capacidade da IA de “alucinar”.

💭 Tal possibilidade permite que a tecnologia seja criativa, oferecendo soluções que talvez não fossem pensadas, em um primeiro momento, por nós mesmos, que muitas vezes já somos limitados a padrões de pensamento já estabelecidos.

Ao oferecer novas perspectivas e abordagens para problemas facilmente presentes em nossa rotina, a IA se torna mais uma fonte de solução que, se usada com cautela, pode contribuir de forma ativa para as questões que surgem em nosso dia a dia.

Risco de soluções equivocadas

No entanto, essa mesma liberdade para alucinar pode levar a problemas mais complexos. A IA pode gerar respostas falsas ou irreais que, se não forem rigorosamente avaliadas, podem induzir ao erro.

É aqui que entra a necessidade de um senso crítico ao utilizar a inteligência artificial.

Precisamos estar cientes de que, ao mesmo tempo em que a IA nos ensina, ela também aprende com nossas interações e buscas.

Aprendendo com o erro

Esse fenômeno demonstra a importância de uma visão analítica ao lidar com toda e qualquer tecnologia.

Esses erros não só evidenciam as limitações atuais da IA, mas também oferecem valiosas oportunidades de aprendizado.

Ao analisar criticamente essas falhas e negativas presentes nas plataformas, podemos melhorar continuamente nossos processos de pesquisa e análise, fomentando um olhar mais sistemático a respeito do que encontramos na internet.

Além disso, esses episódios nos incentivam a ampliar nossa capacidade analítica, questionando e verificando as informações geradas pela IA, o que é essencial para uma utilização mais consciente e eficaz dessas ferramentas inovadoras.

E na prática?

Ao analisar as informações que encontrei sobre este tema para a elaboração deste artigo, a lição que fica é cada vez mais evidente: não devemos confiar cegamente nas primeiras informações que encontramos, sejam elas geradas por IA ou não.

A alucinação da IA é um fenômeno que destaca a necessidade de uma avaliação crítica e cuidadosa. Apenas assim poderemos aproveitar os benefícios dessa tecnologia revolucionária enquanto minimizamos os riscos associados às suas limitações.

Um erro cinematográfico pode induzir você a ser corrigido por seus amigos mais aficcionados pela 7a. arte.

Mas uma  alucinação, por mais criativa que seja, pode lhe custar caro numa decisão de investimentos, escolhas sobre programas de reskilling ou uma primeira avaliação dos seus exames de check-up médico.

Exercite sua capacidade de pensamento e crítica.

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